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O que estamos vendo na internet...

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... pode estar bem distante da realidade. O pior? Nos comparamos o tempo todo com gente que pode estar vivendo situações trágicas envoltas em véus instagramáveis.

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Ale Garattoni
mai 31, 2025
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A (ex) casa da família Miller nos Hamptons, avaliada em cerca de US$ 15 milhões. (imagem via NY Times)

Eu vou pedir licença para dar uma (necessária) pesada no clima desta newsletter cujo objetivo é ser leve. Mas precisamos conversar sobre o mundo por trás do mundo das redes sociais. Meu último intuito é perder o tom da Daily 40s ou, pior, virar o Datena do Substack (!!!). Mas dois casos recentes me roubaram a atenção, bagunçaram minha mente e me levaram a válidas reflexões…

Tudo começou quando, dias atrás, fui buscar uma influencer americana que eu costumava seguir no instagram ali por volta de 2016. Nestes anos todos, ela havia sumido e desaparecido algumas vezes; quando parou de postar, eu parei de seguir, mas sempre voltava para dar aquela checada de um possível revival. Contextualizando: Brooke era uma jovem linda, que morava em um apartamento incrível em Manhattan e frequentava os lugares mais legais – vestindo looks impecáveis – da cidade. Neste meio tempo, ela ficou noiva, casou-se em uma cerimônia cinematográfica, divorciou-se e desapareceu. Dizem que depois disto chegou a reaparecer e até teria se casado de novo em 2023. Mas foi só quando, nesta semana, vi que seu perfil estava desativado que as buscas me contaram que ela não está mais neste mundo desde março do ano passado. Embora tudo seja cercado de rumores e compreensível privacidade, tudo indica que as questões mentais com as quais ela já sofria publicamente foram a causa do falecimento. Fiquei profundamente triste, em uma estranha relação parassocial, como se fosse alguém que eu conhecesse de verdade.

Nos mesmos fóruns nos quais tive notícia da jovem, uma pessoa levantou uma bola citando algo como “foi o mesmo caso do marido da influencer X”, cujo blog e insta Mama & Tata eu também já havia seguido no passado. Super bem relacionados, viviam em meio a todo luxo do mundo, em cliques que em nada sugeriam a crise financeira que levou o homem a, depois de rolos, empréstimos e descontroles, a desistir de tudo. Fiquei igualmente abalada, até porque seguia sua mulher – que desativou todas as redes depois do ocorrido, no segundo semestre de 2024 – exatamente porque tivemos filhas na mesma época e ela falava sobre maternidade sob um glamour que fazia as vezes de recreio.

Mais uma vez, desculpo-me por pesar o clima narrando estes dois casos, mas é urgente refletirmos sobre o que andamos vendo; sobre o que tantas pessoas sentem-se obrigadas a exibir para o mundo; e sobre os efeitos cruéis – e extremos – que podem nascer desta combinação sob a qual nada nunca será suficiente. A vida excessivamente “para fora” está ofuscando a vida “para dentro”, a vida privada, a vida espiritual, a vida entre quem e o que realmente nos importa. E, curiosamente, ao mesmo tempo, estes comportamentos muitas vezes são puxados por quem mais está sofrendo no particular.

O que estamos vendo no Instagram não é bem o que estamos vendo no Instagram. E isto é um problema para quem vê e, mais ainda, para quem posta.

Não é novidade que o mundo dos anos 2020 tem as coisas mais irreais: influencers que alugam jatinhos apenas para sessões de fotos a serem postadas e te vendem a fórmula da riqueza para enriquecer como eles (?); nomes populares envolvidos em campanhar de jogos de azar que não mostram contas reais (fazendo com que a possibilidade do ganho mostre-se muito mais provável do que pode ser) e lucram exatamente em cima da perda de seus influenciados; advogada influenciadora com mais de 100 mil seguidores que se apresenta como “especialista em recuperar dinheiro perdido em fraudes e pirâmides” e… dá golpes nos clientes.

Que os valores estão estranhos, não é novidade. Mas a urgência aqui é sobre saúdes mentais deterioradas em nível máximo dando suas últimas cartadas. Enquanto você, do outro lado da tela, sente-se mal sucedido demais, emocionalmente saudável de menos. Quando a verdade é que ser mediano é, talvez, o maior privilégio da atualidade.

Se você for ler uma única edição da Amo News, newsletter irmã desta Daily 40s, eu recomendo que seja a edição desta semana!

Amo News
Dois anos e meio de escrita como negócio...
Quem me conhece minimamente já conhece minha tendência ao hiperfoco: quando descubro ou aprendo algo que me ajuda ou me faz bem, minha vontade é sair passando isto adiante com o brilho nos olhos de uma adolescente de 16 anos que vive a primeira paixão…
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a month ago · 20 likes · 2 comments · Ale Garattoni

Curtinhas, curtinhas, oito curtinhas…

O veredito da escova progressiva que não é 100% limpa (muita coisa do nosso dia a dia não é, né?!!), mas pode ser boa; um pouco mais sobre Xaxá, a sócia virtual do meu negócio solitário; boas ou ruins, as notícias são importantes para construir repertório; uma salada-desejo no delivery em SP; CLT, meme ou contratendência?; o livro para mulheres de 40, as senhorinhas milanesas e… finalmente a estreia da nova temporada de Carrie Bradshaw!

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